Pintar, trocar pastilhas, mudar o revestimento. Dar uma cara nova para tudo que o tempo deixou com aspecto de velho. O processo chama-se retrofit e consiste em reformar fachadas de prédios para que eles fiquem mais bonitos e valorizados. Seja por questão de segurança seja para aumentar e muito o valor dos apartamentos.
Quando o engenheiro Paulo Maccaferri pegou o projeto de um prédio no Sumaré, Zona Oeste de São Paulo, encontrou uma situação bem ruim. -O edifício tinha infiltração interna devido à corrosão, chegava às janelas dos apartamentos, tinha queda de pastilhas. Em vez de madeira, as janelas passaram a ser de alumínio. A fachada ganhou cor e revestimento novos. O projeto está em fase de finalização. A gente propôs uma modernização, trouxe conceitos novos. E nos prédios antigos, o retrofit aumenta a vida útil deles. Em um edifício de 40 anos, a valorização do imóvel pode ser de 15% a 20% só porque a fachada foi reformada- afirmou o engenheiro.
Com varandas
Quem passa hoje pela Alameda Tietê, nos Jardins, área nobre de São Paulo, e vê um edifício de 20 andares com varandas enormes, não imagina que a construção tem 30 anos e as sacadas foram colocadas há quatro anos. O projeto foi feito pelo arquiteto Roberto Candusso, especialista em reformar fachadas.
-Eu sentia falta de uma varanda- conta Candusso, ex-morador do Edifício Marambaia. Projeto no papel, o próximo passo foi convencer os condôminos de que as varandas dariam novo fôlego ao prédio, localizado em um bairro onde ainda há muitas construções antigas. -Tínhamos que ter 100% de aprovação (dos 20 donos dos imóveis). Isso, as vezes, inviabiliza muita obra- comenta o arquiteto.
Valorização
O plano foi executado e as varandas aumentaram em 40m² a área total dos apartamentos, que já era de 400m². Segundo Candusso, a obra foi feita entre 2003 e 2006. -O terraço deu uma vida nova ao prédio-. No Marambaia, a fachada também ganhou novo revestimento e foi feita uma fundação para suportar o peso das sacadas.
O arquiteto calculou que um apartamento que ali valia R$ 550 mil há uns 20 anos -agora sai quase R$ 3 milhões por causa da reforma-.
Para que qualquer obra no prédio seja feita, antes deve ser votada e aprovada em assembleia pelos moradores. O custo adicional implica aumento no valor mensal do condomínio. -O dono do imóvel tem que medir o custo da obra em função do retorno posteriormente. Não é sempre que se consegue um retorno como aquele- conta Marcos Velletri, do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), referindo-se ao Marambaia.
Ele lembra que as reformas podem incluir não só as fachadas, como também o pátio, áreas de lazer, escadas, elevadores e instalações elétricas ou hidráulicas. -Quando a intervenção é muito grande, precisa de aprovação da Prefeitura- diz Velletri, diretor de Insumos e Tecnologia do Secovi.
Segurança
Em Perdizes, na Zona Oeste, o caso não foi só de estética, mas de segurança. Os dois prédios de um condomínio passaram por reforma porque estavam muito velhos. -Na época, os edifícios tinham 16 anos (hoje têm 21). As pastilhas da fachada estufaram e não tinha como repor porque eram velhas. Para consertar, tivemos que arrancar tudo- conta o advogado Marcos Mario Couto, síndico do local.
De acordo com ele, a reforma foi bem ampla e não ficou só na maquiagem externa. -Quisemos um projeto para modernizar. Ampliamos a piscina, modernizamos o hall de entrada, a sala de ginástica e fizemos o espaço gourmet- lembra Couto. Ele calculou em 40% o percentual de valorização dos apartamentos depois do retrofit. -Valeu muito a pena. Muita gente vendeu (seus imóveis). Mudou o perfil do prédio-.