Muito usado em projetos de ambientes industriais, o cimento queimado está cada vez mais popular nas construções residenciais. Versátil e prático, ele pode ser aplicado em pisos, paredes, fachadas e até mesmo no banheiro, agregando mais personalidade à decoração.
Segundo o arquiteto e urbanista Paulo Bispo, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unirp, o cimento queimado é um tipo de argamassa usado como revestimento, e sua composição é bastante simples: cimento, areia e água.
-Depois que essa argamassa é distribuída com a galocha, espalhamos cimento seco em pó por toda a superfície. O contato do cimento com a argamassa produz a queima. É daí que vem o nome desse revestimento- explica ele.
A arquiteta Lina Mitsuyuki, de Rio Preto, lembra que esse tipo de revestimento era muito utilizado em casas do interior paulista, que geralmente tinham cimento queimado vermelho no piso da varanda, que era popularmente conhecido como vermelhão. -Hoje, o cimento queimado invadiu desde casas rústicas e fazendas até casas e apartamentos mais contemporâneos. Sua versatilidade se dá principalmente por conta de sua aparência neutra e atemporal- destaca.
Manutenção
Apesar de ser um piso durável, simples de limpar e resistente a impactos, a arquiteta de Rio Preto sinaliza que é necessário considerar algumas práticas para mantê-lo em bom estado e evitar o seu desgaste ao longo do tempo. -Uma delas é o tratamento com resinas acrílicas ou à base de água, que diminuem a porosidade da superfície e evitam a absorção de fungos e de sujeira. Além disso, contribuem para dar um acabamento fosco (mais próximo ao cimento natural) ou brilhante. Mas é importante remover qualquer parte solta de concreto, de cimento e de resíduos com o auxílio de lixa ou espátula- diz.
Antes da resina, Lina indica passar uma base protetora com o auxílio de um rolo, pincel ou pistola. -Recomenda-se aplicar a resina em duas demãos, respeitando o intervalo de 12 horas entre elas. A manutenção com esse produto deve ser feita a cada três anos- acrescenta.
No dia a dia, Bispo explica que a limpeza do cimento queimado é bastante simples. -Basta um pano úmido ou lavar semanalmente. Para mantê-lo bonito, é importante a aplicação de cera de duas a três vezes por ano- orienta o arquiteto e professor.
Segundo ele, é possível dar cor ao cimento queimado, que naturalmente tem tom cinza. -Basta acrescentar pó xadrez ao cimento, que pode adquirir diferentes tonalidades, entre elas vermelho, azul, amarelo, verde e branco- afirma. No entanto, essa tonalização deve ser feita no início do processo de preparo do revestimento.
Parece, mas não é
A popularidade do cimento queimado é tanta que há no mercado da construção produtos que imitam a sua aparência. É o caso do Mr. Cryl, uma base cimentícia rica em resinas que, adicionada ao cimento, transmite a aparência do legítimo cimento queimado.
Muitos arquitetos são adeptos deste tipo de revestimento, que tem a mesma estética do cimento queimado, mas com a vantagem de ser mais resistente a rachaduras. Ele fica muito bem em salas de estar e de jantar. Até mesmo no home theater pode ser utilizado.
Diferentemente do cimento queimado tradicional, o Mr. Cryl não pode ser usado em áreas úmidas, como o banheiro, e também não pode ser tonalizado. Ele é um composto de cor já definida, e há cinco tonalidades distintas.